domingo, 22 de maio de 2011

Maracatu Nação Cambinda Estrela

Cambinda Estrela. 

Localizado em Chão de Estrela desde meados da década de 1990, este maracatu tem um história interessantíssima. Fundado como maracatu de baque solto no início dos anos trinta do século XX, por migrantes oriundos da zona da mata norte, virou seu baque provavelmente da década de 1960, quando a Federação Carnavalesca considerava este tipo de maracatu como um deturpação dos autênticos e legítimos maracatus africanos. 

"Zezinho", pai de santo e morador do Alto Santa Isabel, como caboclo de lança no Cambinda Estrela

Cambinda Estrela
Acervo Arquivo Público Jordão Emerenciano

Como maracatu de baque virado foi mestrado por Natércio e contou entre seu batuqueiros ninguém menos do que Toinho (atual mestre do Encanto da Alegria). Também abrilhantava o grupo - no verdadeiro sentido da palavra abrilhantar - o conhecido pai de santo Mário Miranda, também conhecido como Maria Aparecida. Para o Cambinda Estrela levava suas baianas e  não há quem não se referia à Maria Aparecida como um verdadeiro shown.
Nos anos 1990 o Cambinda Estrela deixou de desfilar, e foi reativado em 1995 por um grupo de moradores de Chão de Estrelas e estudantes universitários. Desde 1997 está sendo dirigido pelo Mestre Ivaldo Marciano.
Para ver imagens do Cambinda Estrela.

Mestre Toinho

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Antônio Pereira de Souza.nasceu no Recife, no Alto da Serrinha, atual Alto José Bonifácio, região de Casa Amarela. Ali cresceu participando de brincadeiras, principalmente a ciranda, onde aprendeu a tocar tarol. E foi como "tarolzeiro" que recebeu o convite de um compadre para conhecer o maracatu Cambinda Estrela, na época comandado por Mestre Natércio. No Cambinda Estrela o sr. Antônio ficou alguns anos como tarolzeiro, indo depois tocar no Leão Coroado, de Luiz de França. Foi neste maracatu que começou a apitar os treinos, e que aprendeu a confeccionar os intsrumentos e outros artefatos usados nos maracatus. Segundo mestre Toinho, entre os bombos de Luiz de França havia um pequeno confeccionado de macaíba, e desta constatação veio a idéia de confeccionar bombos de macaíba para os maracatus. Do Leão Coroado mestre Toinho foi para o Elefante, da rainha Madalena, onde permaneceu até a morte desta. Participou do Indiano, de Zé Gomes e Carmelita, quando recebeu o convite de Mãe Ivanize para mestrar o maracatu que esta rainha estava formando: o Encanto da Alegria, acompanhando-a por onze anos, até o falecimento desta. 
Mestre Toinho se considera um mestre tradicional, e gosta dos maracatus como eles eram no passado, como ele aprendeu com Luiz de França, um batuque compassado. A formação do batuque de Luiz de França, se comparado aos formatos dos batuques atuais, pode ser considerado um batuque pequeno, constituído de doze alfaias. Para a época, era um batuque grande, pois Mestre Toinho lembra que os maracatus pequenos vinham com oito ou nove bombos, não mais do que isso. Para o mestre Toinho, se ele fosse o dono de um maracatu, mulher também não tocaria, tal como determinam os preceitos religiosos do Xango. Dessa forma, mestre Toinho insere-se na tradição dos maracatus das décadas de 1970 a 1990, quando os grupos começaram a crescer bastante e a introduzir importantes modificações.
É importante destacar que, na entrevista de Mestre Toinho, o tema da tradição aparece constantemente, mas ele nunca menciona a palavra, nunca precisa da tradição para se justificar. Ele a vive!


Mestre Toinho no Encanto da Alegria durante a gravação do Inventário Sonoro dos Maracatus Nação